Comentários sobre o Liber Resh vel Helios sub figura CC

Comentários feitos para uma atividade da AEON — Ágora Eclesiástica Oásis Nômade

Victor Vieira
18 min readMay 24, 2024

Imagens Auxiliáres da leitura

Arcano XIX — The Sun (O Sol) — Tarot de Thoth
Mosaico com a representação do deus Aion, cujo disco zodiacal aparece no Arcano XIX, The Sun (O Sol) no Tarot de Thoth
Letra Hebraica Resh
Uma das representações da barca solar

Sobre o Liber Resh vel Helios sub figura CC

Liber Resh vel Helios sub figurâ CC pode ser traduzido como “Livro de Resh ou Livro de Hélio”, uma referência à letra hebraica Resh (ר(, que corresponde ao Sol, e ao deus romano Hélio, a personificação do Sol. Esta obra foi escrita por Aleister Crowley e publicada pela primeira vez nas páginas 29 a 32 do periódico The Equinox Vol. I №6, em setembro de 1911.

Seu conteúdo é descrito em The Equinox Vol. III №1 como:

Uma instrução para a adoração do Sol quatro vezes diariamente, com o objetivo de preparar a mente para a meditação e de regularizar as práticas

O autor também explica a catalogação do texto sob o número 200 em The Equinox Vol. I №10:

CC. O número de ר — o Sol

Comentários sobre o Liber Resh vel Helios sub figura CC

O Liber Resh vel Helios é um texto sagrado e um ritual diário importante na tradição de Thelema, estabelecida por Aleister Crowley. Um ritual de assunção forma-deus recorrente.

Um ritual de adoração ao sol, onde o praticante realiza saudações específicas ao sol em quatro momentos distintos do dia: amanhecer, meio-dia, pôr do sol e meia-noite. Através desse ritual, busca-se a conexão com a energia solar como uma representação da divindade e a busca pelo alinhamento pessoal com a vontade verdadeira.

Uma prática diária que visa a conscientização da presença e da influência do sol como um símbolo de divindade e força vital. É uma forma de conectar-se com o poder solar e buscar a harmonia com a vontade verdadeira, uma vez que o sol é frequentemente associado à luz, ao conhecimento, à energia vital e à transformação.

Enquanto prática magicka, é um ritual que na minha opinião é completo, e uma boa opção para treinamento magicko aos que tem pouco tempo disponível para executar as práticas que costumam ser recomendadas no Liber ABA, na parte I (Misticismo), representadas pelo que Crowley trás como ashtanga yoga, pois no Resh, é fundamental o exercício dos componentes básicos de todo ritual cerimonial:

  • Respiração
  • Posição de corpo (consciência corporal)
  • Visualização criativa (Imaginação)
  • Manipulação energética
  • Análise de narrativa do ritual (compreender o motivo pelo qual o ritual anuncia um texto com ordem proposital de palavras e seres)
  • Vocalização (recitação do texto)
  • Devoção (Compromisso do adepto com a prática em nome de sua busca pela Verdadeira Vontade)

O que é a assunção forma-deus?

De acordo com Aleister Crowley, a “assunção forma-deus” (ou “assumir a forma divina”) é um conceito fundamental na tradição thelêmica. Refere-se à prática de identificar-se conscientemente com uma deidade ou força divina específica durante um ritual ou trabalho mágico.

Para Crowley, a assunção forma-deus envolve transcender a noção limitada de si mesmo e mergulhar na consciência e na energia da divindade escolhida. É uma experiência de união com a deidade, em que o praticante busca incorporar e manifestar suas características, poderes e qualidades.

A prática da assunção forma-deus geralmente ocorre durante rituais de invocação, em que o praticante chama a presença da deidade dentro de si mesmo. Nesse estado de identificação, o indivíduo busca vivenciar a divindade em sua plenitude, absorvendo sua energia, sabedoria e poder. Acredita-se que essa experiência proporciona uma conexão mais profunda com a vontade verdadeira e uma ampliação da consciência.

No entanto, é importante ressaltar que a assunção forma-deus não é uma tentativa de se tornar uma deidade literalmente, mas sim de alcançar uma comunhão intensa e transformadora com a divindade escolhida. É uma ferramenta mágica para explorar a própria natureza e potencial divino, em busca de autotranscendência e autodescoberta.

Aleister Crowley discute extensivamente a assunção forma-deus em seus escritos, especialmente em seus trabalhos sobre magia e em sua obra central, “Liber AL vel Legis”, também chamado de “O Livro da Lei”.

Comentários com o objetivo de auxiliar aqueles que desejem aprender a assunção forma-deus, tanto para executar o Resh, quanto em outros rituais:

Escolha a divindade ou arquétipo: Selecione a divindade ou arquétipo com o qual você deseja se identificar e vivenciar. Pode ser uma divindade tradicional, um arquétipo simbólico ou mesmo uma forma-deus pessoal criada por você. Estude e pesquise profundamente sobre essa divindade, conhecendo seus atributos, mitos e simbolismos.

  • Preparação: Estabeleça um espaço sagrado adequado para a prática. Isso pode incluir um altar dedicado à divindade escolhida, velas, incensos e outros objetos simbólicos relevantes. Realize uma purificação pessoal e mental através de técnicas como banho ritual, meditação ou qualquer outro método que você considere apropriado.
  • Invocação: Comece a prática invocando a divindade escolhida. Isso pode ser feito através de palavras, mantras, orações ou visualizações. Sinta a presença da divindade e estabeleça uma conexão profunda com ela. Permita-se mergulhar na energia e no poder do arquétipo invocado.
  • Identificação: À medida que você se conecta com a divindade, comece a visualizar e sentir-se como a própria divindade. Imagine-se assumindo suas características, qualidades e poderes. Sinta-se preenchido com a energia e a consciência da divindade, permitindo que ela se manifeste através de você. Deixe de lado sua identidade pessoal temporariamente e mergulhe na experiência da forma-deus.
  • Vivência e comunhão: Nesse estado de identificação com a forma-deus, permita-se viver a experiência como ela. Explore sua consciência expandida, sua perspectiva, seus pensamentos e emoções. Sinta-se imerso na sabedoria, amor e poder da divindade. Busque a comunhão e a troca com a divindade, buscando orientação, conhecimento e transformação pessoal.
  • Retorno e integração: Quando você sentir que a prática atingiu seu ponto máximo, comece a retornar gradualmente à sua identidade pessoal. Agradeça à divindade pela experiência e encerre a invocação com gratidão e respeito. Faça uma pausa para refletir sobre a vivência e, gradualmente, traga de volta sua consciência normal, integrando as percepções e aprendizados adquiridos durante a prática.

É importante ressaltar que a assunção da forma-deus é uma prática avançada e requer maturidade espiritual, disciplina e um entendimento profundo dos princípios e filosofia de Thelema. Recomenda-se buscar orientação adequada, estudar e praticar de maneira progressiva, respeitando seus próprios limites e o tempo necessário para o desenvolvimento dessa prática.

A execução do ritual

Imagem contendo as divindades adoradas, seus respectivos horários, elementos, pontos cardeais e sinais de grau usados na execução do Liber Resh vel Helios sub figura CC.

Preparação:

  • Escolha um local tranquilo onde você possa realizar o ritual diariamente.
  • Lógico que na falta de um lugar tranquilo, faça onde conseguir, o importante é não deixar de fazer esta prática da maneira mais completa que puder. Pense também em uma coisa importante que é, SUA SEGURANÇA É FUNDAMENTAL, portanto, se estiver em um lugar que demonstre insegurança pessoal, faça como puder mantendo sua segurança. MAS NÃO ESQUEÇA DE AVERIGUAR SE VOCÊ ESTÁ EM RISCO OU SOMENTE SENTINDO O CONSTRANGIMENTO DE EXPRESSAR SUA MANIFESTAÇÃO MAGICKO-ESPIRITUAL.
  • Vista-se adequadamente, usando roupas confortáveis ou robes ritualísticos, se desejar. E como dito no ponto anterior, se você estiver somente podendo vestir no momento do ritual, o uniforme do trabalho, ou seja o que for, FAÇA ASSIM MESMO. A prioridade é fazer.
  • Se possível, escolha um local onde você possa ver o sol nascer, atingir o ponto mais alto do céu, se pôr ou à meia-noite, dependendo do momento em que você realizará o ritual. E novamente, se você só puder fazer dentro do almoxarifado do seu emprego, faça alí mesmo (É lógico que, se você fizer o ritual no seu ambiente de trabalho, colocar seu emprego em risco, faça no banheiro, não em público).

Ao amanhecer

  • 06:00
  • Volte-se para o leste
  • Visualize seu corpo coberto pela cor amarela
  • Lembre-se que está se conectando ao elemento ar
  • O deus que você assumirá é Rá

Trecho do Liber Resh vel Helios:

1. Que ele saúde o Sol ao amanhecer, de frente para o Leste, dando o sinal deseu grau
E que ele diga em uma voz alta:
Salve a Ti que és Rá em Tua ascensão, bem como a Ti que és Rá em Tua força,
que viajas acima dos Céus em Tua barca no Levante do Sol.
Tahuti permanece em Seu esplendor na proa, e Ra-Hoor continua no leme.
Salve a Ti das Moradas da Madrugada!

Ao meio-dia

  • 12:00
  • Volte-se para o sul
  • Visualize seu corpo coberto pela cor vermelha
  • Lembre-se que está se conectando ao elemento fogo
  • A deusa que você assumirá é Hatoor

Trecho do Liber Resh vel Helios:

2. Também ao Meio-Dia, que ele saúde o Sol, de frente para o Sul, dando o sinal de seu grau. E que ele diga em uma voz alta: Salve a Ti que és Ahathoor em Teu triunfo, bem como a Ti que és Ahathoor em Tua beleza, que viajas acima dos Céus em Tua barca no Meio-curso do Sol. Tahuti permanece em Seu esplendor na proa, e Ra-Hoor continua no leme. Salve a Ti das Moradas da Manhã!

Ao entardecer

  • 18:00
  • Volte-se para o oeste
  • Visualize seu corpo coberto pela cor azul
  • Lembre-se que está se conectando ao elemento água
  • O deus que você assumirá é Tum

Trecho do Liber Resh vel Helios:

3. Também ao Ocaso, que ele saúde o Sol, de frente para o Oeste, dando o sinal de seu grau. E que ele diga em uma voz alta: Salve a Ti que és Tum em Teu poente, bem como a Ti que és Tum em Tua alegria, que viajas acima dos Céus em Tua barca na Descida do Sol. Tahuti permanece em Seu esplendor na proa, e Ra-Hoor continua no leme. Salve a Ti das Moradas do Dia!

À meia-noite

  • 00:00
  • Volte-se para o noite
  • Visualize seu corpo coberto pela cor verde
  • Lembre-se que está se conectando ao elemento terra
  • O deus que você assumirá é Kephra

Trecho do Liber Resh vel Helios:

4. Por fim à Meia-noite, que ele saúde o Sol, de frente para o Norte, dando o sinal de seu grau. E que ele diga em uma voz alta: Salve a Ti que és Khephra em Teu ocultamento, bem como a Ti que és Khephra em Teu silêncio, que viajas acima dos Céus em Tua barca à Hora da Meia-Noite do Sol. Tahuti permanece em Seu esplendor na proa, e Ra-Hoor continua no leme. Salve a Ti das Moradas da Noite!

AINDA QUE OS TEXTOS TENHAM SIDO CITADOS ACIMA, É FUNDAMENTAL QUE A PESSOA ADEPTA LEIA O TEXTO ORIGINAL TRADUZIDO PARA O PORTUGUêS E SE POSSÍVEL, CONHECER TAMBÉM A ESCRITA ORIGINAL NO INGLÊS.

Divindades mencionadas no ritual

Rá é uma das formas divinas associadas ao sol e à luz. Rá, também conhecido como Ra, é uma divindade egípcia tradicionalmente venerada como o deus do sol e da criação. Ele é considerado uma manifestação do poder solar e é frequentemente retratado como um homem com a cabeça de falcão ou como um disco solar.

Em Thelema, Rá é um símbolo e uma representação da energia solar que é adorada e invocada em rituais e práticas mágicas. Como uma figura divina, Rá personifica atributos como luz, poder, força vital e iluminação espiritual. Ele é visto como uma expressão da vontade verdadeira e como um catalisador para a transformação pessoal e a expansão da consciência.

Para os thelemitas, a adoração e invocação de Rá são parte integrante da busca pela união com a vontade divina e pela realização do verdadeiro Eu. Ele é considerado um guia e uma fonte de inspiração para os praticantes de Thelema em seu caminho em direção à autorrealização e à manifestação da sua verdadeira vontade.

Ra-Hoor

Ra-Hoor-Khuit, muitas vezes referido apenas como Ra-Hoor, é um nome que combina elementos de Ra, o deus egípcio do sol, e Hoor-Paar-Kraat, que é uma forma do deus egípcio Hórus associada ao silêncio e à autoridade. Essa combinação cria uma figura divina poderosa e complexa.

Em Thelema, Ra-Hoor é visto como uma manifestação da vontade verdadeira e como um arauto da era thelêmica. Ele é descrito como um deus guerreiro e vingativo, associado à força, à ação e à vitória. Ra-Hoor é considerado o mensageiro da lei thelêmica e o promotor da liberdade individual e da autorrealização.

De acordo com as escrituras de “O Livro da Lei”, Ra-Hoor é responsável por proclamar a era da vontade, em que cada indivíduo é encorajado a buscar e seguir sua própria verdadeira vontade, sem restrições dogmáticas ou sociais. Ele é um símbolo da energia vital, da coragem e da paixão necessárias para realizar a vontade individual e alcançar a iluminação espiritual.

No contexto de Thelema, a adoração e a invocação de Ra-Hoor são práticas importantes para os seguidores dessa tradição. Ele é considerado um guia espiritual e uma força inspiradora para aqueles que buscam abraçar plenamente a filosofia e os ensinamentos da vontade verdadeira.

Tahuti

Tahuti (ou Thoth) é uma entidade espiritual e mágica que representa a mente superior e a consciência iluminada. Ele é considerado um dos aspectos mais elevados do Eu divino e um guia espiritual para os praticantes de Thelema.

Esotericamente, Tahuti é visto como o mestre das artes mágicas, um guardião dos segredos do universo e um mensageiro entre os planos divino e humano. Ele é associado à sabedoria, ao conhecimento oculto e à magia ritual. Como patrono da comunicação, ele é considerado o mediador entre os seres humanos e as forças espirituais superiores.

É um intermediário entre o praticante e as energias divinas. Ele é considerado um guia espiritual que ajuda a desvendar os mistérios da existência e a alcançar a iluminação pessoal.

Magicamente, Tahuti é invocado por meio de rituais e fórmulas mágicas para receber orientação, sabedoria e poder. Ele é considerado um guardião dos segredos herméticos e um mentor nos caminhos da magia, ajudando os praticantes a aprimorar suas habilidades mágicas e a alcançar a união com o Eu divino.

Ahathoor

Esotericamente, Ahathoor é vista como uma deusa poderosa associada à fertilidade, à sensualidade, à alegria e à abundância. Ela é considerada uma manifestação divina do feminino sagrado e é reverenciada como uma força criativa e nutridora. Ahathoor representa a energia da Deusa, que está presente em toda a natureza e em cada ser humano.

Magicamente, Ahathoor é invocada como uma força benéfica para trazer beleza, harmonia e prazer à vida dos praticantes de Thelema. Ela é vista como uma patrona das artes, da música, da dança e da expressão criativa. Sua presença é invocada para inspirar alegria, amor e gratidão.

Dentro da tradição thelêmica, Ahathoor também é associada à magia sexual e à alquimia do amor. Ela representa a união sagrada dos opostos e a integração das polaridades masculina e feminina dentro de cada indivíduo. Através do cultivo consciente da energia sexual e do equilíbrio entre os princípios masculino e feminino, os praticantes buscam despertar a divindade interior e alcançar a transcendência espiritual.

Tum

Tum (ou Tum-Ra) é uma entidade espiritual e mágica mencionada em alguns dos escritos de Crowley, mas sua descrição detalhada e seu papel específico não são amplamente abordados.

No contexto thelêmico, Tum pode ser considerado como um aspecto divino ou uma expressão particular de consciência cósmica. Ele pode representar um estado transcendente além das dualidades e das limitações humanas. Tum pode ser visto como uma manifestação do Eu divino em seu estado mais elevado, além das identificações individuais e das noções convencionais de separação.

No entanto, é importante notar que as referências a Tum em Thelema são relativamente escassas, e Crowley não fornece uma explicação abrangente sobre essa entidade.

Kephra

Kephra está associado ao simbolismo do escaravelho sagrado no Antigo Egito. O escaravelho era visto como um símbolo de renascimento e transformação, representando o ciclo da vida, morte e renascimento. Kephra é frequentemente considerado como uma manifestação divina do poder regenerador e criativo do universo.

Invoca-se Kephra para auxiliar na transformação pessoal e no despertar espiritual. Ele simboliza a capacidade do indivíduo de superar desafios, renovar-se e alcançar um estado superior de consciência. Kephra é associado ao processo alquímico de transmutação, onde a escuridão e a limitação são transformadas em luz e expansão.

Dentro do contexto thelêmico, Kephra também é relacionado ao conceito de “o Sol da Meia-Noite”. Isso se refere ao Sol espiritual que brilha na escuridão da noite da alma, trazendo luz e orientação nas profundezas do inconsciente.

A Barca Solar

A barca solar egípcia, também conhecida como “barca do sol” ou “barca de Khufu”, é um tipo de embarcação sagrada associada aos antigos egípcios. Ela desempenhava um papel crucial nas práticas religiosas e mitológicas do Antigo Egito, especialmente relacionadas ao culto do deus-sol Rá e ao faraó. Aqui está uma explicação detalhada sobre a barca solar:

Descrição e História (sobre a Barca Solar)

Barca de Khufu

A barca solar mais famosa é a barca de Khufu (ou Quéops), descoberta em 1954 próximo à Grande Pirâmide de Gizé. Acredita-se que tenha sido construída para o faraó Khufu (Quéops), que reinou durante a 4ª dinastia do Antigo Egito (por volta de 2589–2566 a.C.). Ela foi encontrada desmontada em uma câmara subterrânea selada e posteriormente remontada. A barca tem cerca de 43,6 metros de comprimento e é feita principalmente de madeira de cedro do Líbano.

Função (sobre a Barca Solar)

Uso Funerário e Cerimonial

As barcas solares tinham várias funções, tanto práticas quanto simbólicas:

  1. Transporte Funerário: É amplamente aceito que essas barcas poderiam ter sido usadas para transportar o corpo do faraó durante seu funeral. No caso da barca de Khufu, acredita-se que ela tenha sido usada para transportar o corpo do faraó para o local de sepultamento.
  2. Viagem Pós-Morte: As barcas também eram vistas como veículos para a viagem do faraó na vida após a morte. Na mitologia egípcia, os faraós mortos viajariam pelo céu na barca solar com Rá, o deus do sol, navegando pelo mundo inferior durante a noite e renascendo a cada manhã.
  3. Simbologia Solar: A barca solar simboliza a jornada diária do deus-sol Rá. De acordo com a mitologia, Rá viajava pelo céu em sua barca durante o dia, trazendo luz e vida ao mundo, e passava pela Duat (o submundo) durante a noite, enfrentando perigos e renascendo ao amanhecer.

Significado Religioso e Mitológico (sobre a Barca Solar)

Mitologia de Rá

Na cosmologia egípcia, Rá era o deus do sol, e sua jornada diária era fundamental para a ordem do universo (Maat). A barca solar representava sua passagem pelo céu (durante o dia) e pelo submundo (durante a noite).

  • Viagem Diurna: Durante o dia, Rá navegava no “Barque of Millions of Years” (Barca dos Milhões de Anos) trazendo luz e calor.
  • Viagem Noturna: À noite, ele viajava pelo submundo na barca solar, lutando contra as forças do caos, como a serpente Apófis, para renascer na manhã seguinte.

Rituais e Iconografia

As barcas solares eram frequentemente representadas em túmulos, templos e textos funerários, como o “Livro dos Mortos”. Elas eram simbolicamente usadas em rituais que garantiam a renovação e a proteção do falecido no além-vida. Réplicas de barcas também eram usadas em festivais religiosos e procissões, destacando sua importância no culto solar e nas práticas religiosas cotidianas.

Descobertas Arqueológicas (sobre a Barca Solar)

A descoberta da barca de Khufu foi um marco na arqueologia egípcia. Ela estava em um estado de preservação excepcional e forneceu insights valiosos sobre a construção naval e as práticas funerárias do Antigo Egito. Atualmente, a barca de Khufu pode ser vista no Museu da Barca Solar em Gizé, embora haja planos para movê-la para o Grande Museu Egípcio.

Em resumo, as barcas solares egípcias são uma parte integral da mitologia e das práticas religiosas do Antigo Egito, simbolizando a jornada do deus-sol Rá e a passagem do faraó para a vida após a morte. A barca de Khufu, em particular, é um artefato significativo que ilustra a engenharia avançada e as crenças espirituais dos antigos egípcios.

Narrativa do Resh vel Helios

Imagem contendo as divindades adoradas, seus respectivos horários, elementos, pontos cardeais e sinais de grau usados na execução do Liber Resh vel Helios sub figura CC.

O ritual conta com 4 momentos a ser executado, em cada momento o adepto se volta para um dos 4 pontos cardeais principais, sendo eles leste, sul, oeste e norte. Recomenda-se que o adepto ao estar voltado para uma destas 4 direções, ele respira fundo, faz o sinal de Harpócrates por um momento se concentrando no silêncio, e exclama APO PANTOS KAKODAIMONOS, após isso executa uma das posições (chamadas de sinal de grau) tratadas na imagem acima, também encontradas no Liber O vel Manus Et Sagittae sub figura VI, e após se posicionar, ele sente no corpo o efeito de assumir aquela posição como uma forma de facilitar a captação e a conexão com a energia de um dos 4 elementos (ar, fogo, água e terra) que tem conexão com cada um dos 4 momentos do sol. Se sentindo conectado e captando as energias do elemento em questão, este deve visualizar seu corpo coberto por uma das quatro cores ligadas ao elemento em que ele se associa no momento da adoração. O adepto visualiza a barca solar cruzando o céu e após perceber o andar desta carruagem ele recita o texto presente no Liber Resh vel Helios ligado àquele momento solar. Terminando a recitação o adepto deve fazer novamente o sinal de Harpócrates, ficar em silêncio e respirar fundo contemplando este silêncio, encerrando o silêncio o adepto pode seguir seu caminho.

O TEXTO ACIMA SOBRE A NARRATIVA É UMA DAS FORMAS DE FAZER, É PROBLEMÁTICO INCLUSIVE ESCREVER O PASSO-A-PASSO DE UM RITUAL COMO ESTE PORQUE OFERECE O RISCO DO PRATICANTE ENGESSAR SUA PRÁTICA À MINHA RECOMENDAÇÃO OU DE QUALQUER OUTRO AUTOR OU AUTORA, PORTANTO, BUSQUE SENTIR E FAZER DA SUA MANEIRA.

  • A cena visualizada se passa com a barca divina que carrega o Sol, passando sobre as águas do Caos de Typhon e com deuses sobre esta barca assumindo a responsabilidade de manter o Sol no céu sem sofrer as consequências do Caos, ou melhor, interagindo com o Caos, não para extingui-lo, mas para passar por ele AINDA QUE Typhon esteja alí agitando as águas.
  • Na proa nós temos Tahuti que representa o conhecimento, apontando a direção para onde o barqueiro deve guiar este Sol, barqueiro este que é Ra-Hoor, que representa sua Verdadeira Vontade, e ao mesmo tempo seu Sagrado Anjo Guardião, portanto, é o conhecimento que guia sua Verdadeira Vontade. Logo, quanto mais conhecimento, mais opções terá a sua Verdadeira Vontade para se expressar.
  • O barco é um barco funerário que carrega em cada um dos 4 momentos do Resh uma divindade falecida e que depende da SUA energia e concentração para ser vivificada, ou seja, É POR VOCÊ EFETUAR O RESH que o Sol se move no céu dentro desta narrativa. Sem você não haverá dia ou no mínimo o Sol não se moverá.

Referências bibliográficas thelêmicas

Livros

  1. “Liber Resh vel Helios” (The Book of Resh) — Este é o próprio texto do Liber Resh, escrito por Aleister Crowley. Ele contém as instruções detalhadas sobre como realizar o ritual e as invocações ao Sol em quatro momentos do dia.
  2. “The Equinox of the Gods” — Escrito por Aleister Crowley, este livro contém uma ampla gama de escritos, incluindo uma seção sobre Thelema e The Book of the Law. Embora não se concentre exclusivamente no Liber Resh, oferece insights valiosos sobre a filosofia e práticas thelêmicas.
  3. “The Magical Diaries of Aleister Crowley: Tunisia 1923” — Este livro é uma compilação dos diários mágicos de Aleister Crowley durante sua estadia na Tunísia. Embora não se concentre especificamente no Liber Resh, pode fornecer insights sobre a prática mágica e a abordagem de Crowley em relação a rituais diários.
  4. “The Law is For All: The Authorized Popular Commentary of Liber Al vel Legis Sub Figura CCXX, The Book of the Law” — Escrito por Aleister Crowley, este livro oferece um comentário abrangente sobre o Livro da Lei, que é a base da filosofia thelêmica. Embora não seja focado exclusivamente no Liber Resh, pode fornecer insights sobre a visão de Crowley sobre a prática diária e seu contexto dentro do sistema thelêmico.
  5. “Thelemic Rituals: The Esoteric Practices of the O.T.O.” — Escrito por Aleister Crowley e outros autores, este livro aborda uma variedade de rituais praticados na Ordo Templi Orientis (O.T.O.), incluindo rituais diários. Embora não se concentre exclusivamente no Liber Resh, pode fornecer informações úteis sobre as práticas rituais thelêmicas.
  6. “Magick: Liber ABA, Book 4, Parts I-IV” — Este livro é uma parte do Liber ABA e se concentra na prática da magia em Thelema. Ele contém informações detalhadas sobre diferentes técnicas mágicas, incluindo a assunção forma-deus.
  7. “The Magick of Aleister Crowley: A Handbook of the Rituals of Thelema” — Escrito por Lon Milo DuQuette, este livro explora várias práticas e rituais de Thelema, incluindo a assunção forma-deus. Ele fornece instruções passo a passo, exemplos práticos e insights sobre como realizar essa prática.
  8. “Aleister Crowley and the Practice of the Magical Diary” — Escrito por James Wasserman, este livro se concentra nas práticas diárias de Crowley, incluindo técnicas de assunção forma-deus. Ele explora os diários mágicos de Crowley e oferece insights sobre como incorporar essas práticas em sua vida cotidiana.
  9. “The Holy Books of Thelema” — Esta coleção de textos sagrados de Thelema, incluindo “Liber Al vel Legis” (The Book of the Law) e outros livros sagrados, pode fornecer uma compreensão mais profunda dos princípios e ideias por trás da assunção forma-deus.

Referências bibliográficas hitóricas

Livros

  1. “The Khufu Boat: A Case Against the Solar-Boat Theory” por Nancy Jenkins — Este livro oferece uma análise detalhada da barca de Khufu e questiona a teoria de que ela foi usada exclusivamente como uma barca solar, explorando outras possíveis funções.
  2. “The Complete Pyramids: Solving the Ancient Mysteries” por Mark Lehner — Lehner fornece uma visão abrangente sobre as pirâmides do Egito, incluindo discussões sobre a barca de Khufu e seu significado.
  3. “The Solar Barque and the End of the Night: Sacred Geography in Ancient Egypt” por Richard H. Wilkinson — Este livro examina o simbolismo da barca solar dentro da geografia sagrada do Egito antigo e sua importância religiosa e mitológica.
  4. “Boats of the Pharaohs” por Paul Lipke — Um estudo detalhado sobre as embarcações egípcias antigas, incluindo as barcas solares, suas construções e usos cerimoniais.

Artigos acadêmicos

  1. “The Solar Boat of Khufu: A Re-Evaluation” por Stadelmann, Rainer — Publicado no “Journal of Egyptian Archaeology”, este artigo reavalia as evidências arqueológicas e discute a função da barca de Khufu.
  2. “The Pyramids of Egypt” por I.E.S. Edwards — Um capítulo deste livro aborda as descobertas associadas à Grande Pirâmide de Gizé, incluindo a barca solar de Khufu.

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Victor Vieira

Tarólogo, praticante e pesquisador de assuntos correlatos à magia e ocultismo. http://instagram.com/victoreuvieira